Dirigentes do Sinergia CUT participam da última reunião de Direção Colegiada do ano

Encontro aconteceu na tarde da sexta-feira (24) da semana passada, em Valinhos. Momento importante para fazer um rápido balanço do ano, debater o cenário atual e começar a planejar o futuro da entidade

Arthur de Siqueira Ribeiro

Mesa de abertura reuniu os presidentes dos sindicatos presentes

Lílian Parise

Dirigentes do Sinergia CUT de todo estado de São Paulo participaram, na tarde da sexta-feira (24) da semana passada, da última reunião de Direção Colegiada do ano, no Centro de Formação e Lazer (Cefol), em Valinhos. A reunião da Direção Colegiada do Sinergia Campinas aconteceu ao mesmo tempo, com dirigentes vindos de todas as macrorregiões.

O encontro foi aberto pela secretária-geral das duas entidades, Cibele Granito, que deu as boas-vindas a todas e todos antes de apresentar a programação e chamar os presidentes do Sinergia CUT, Carlos Alberto Alves, e do Sinergia Campinas,  Claudinei Cecatto, para uma saudação geral. Cecatto destacou que a reunião é “um grande momento de reflexão, principalmente pelo encontro presencial de todas e todos”. Alves alertou para o fato de “estarmos reunidos presencialmente nesse importante momento de debate e de união em torno do projeto Sinergia CUT, que acaba de completar 26 anos de lutas e conquistas”.

Em seguida, ele convidou presidentes e representantes das entidades presentes para uma rápida saudação ao plenário: Gilson de Souza (presidente do Sinergia Gasista), João Sedano (dirigente do Sinergia Rio Preto), Geraldo Braga (Sinergia Bauru), Rodrigo Romanini (dirigente do Sinergia Araraquara) e Edson Ribeiro de Jesus (dirigente do Sinergia Litoral).

A mesa que debateu a “Conjuntura Atual” foi coordenada por Rafael Magalhães, secretário-geral do Sinergia Gasista, e Rosana Grigoleto, dirigente do Sinergia Campinas. Os palestrantes convidados, que participaram por zoom, foram Adriana Marcolino, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Clarice Ferraz, diretora do Instituto Ilumina e Wellington Damasceno, diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

“Poucos acordos coletivos com aumento real”

Técnica do Dieese, Adriana Marcolino abordou o tema “Conjuntura e Desafios 2024” para falar principalmente da classe trabalhadora diante de velhos e novos impactos do cenário brasileiro e internacional. “Estamos nos recuperando no pós-pandemia, mas ainda sentimos os reflexos da reforma trabalhista e outras reformas neoliberais dos governos passados. No contexto internacional, sentimos também as consequências da revolução tecnológica, as desigualdades estruturais persistentes, os ataques ao movimento sindical. E, apesar da derrota na eleição presidencial, a ultradireita continua bem organizada”, afirmou.

Analisou também o cenário socioeconômico diante da volta do governo democrático popular, que proporcionou o aumento do consumo das famílias, a taxa de desemprego mais baixa, a balança comercial melhorando, apesar dos juros ainda continuarem muito altos e da queda da inflação ainda ser muito lenta. “Em resumo, precisamos de uma economia mais potente e um crescimento sustentável de longo prazo para dar um salto de desenvolvimento”, analisou.

Em relação à queda da inflação, destacou que estudos apontam que “os índices de alimentação e bebidas caíram bastante, apesar da constatação de aumento com transporte, saúde e educação. E, apesar da taxa de desemprego estar mais baixa, os empregos estão mais informais e os trabalhadores mais desprotegidos, com a piora das condições de trabalho e a queda dos rendimentos”.

Ao abordar o resultado das negociações salariais, reforçou que “poucos acordos coletivos ou convenções coletivas foram fechados com aumento real de salários e benefícios, apesar do momento em que as greves crescem, mas ainda não tanto quanto no início dos anos 2000”. Para encerrar, conclui que “os desafios para 2024 são muitos para garantirmos investimentos em políticas públicas com distribuição de renda, em uma conjuntura difícil que ainda é impactada pelas reformas neoliberais”.

“Setor energético precisa ser reestruturado”

Clarice Ferraz, diretora do Ilumina, abordou o “Cenário Atual do Setor de Energia”, diante das inúmeras mudanças nos últimos anos. “Primeiro estruturamos o setor, agora o papel a cumprir é que o setor tem que ser reestruturado, depois das novas energias, das inovações tecnológicas e da evolução da inteligência do setor, que são vocês”, ressaltou.

“A proposta é fazer de outra forma, com qualificação já que, apesar dos recursos naturais do Brasil, a estrutura é frágil, o que gera tarifas muito altas e faz cair a qualidade dos serviços prestados principalmente para a população”, continuou Ferraz.

A conclusão dessa realidade foi óbvia: “Não dá para trabalhar para investidor financeiro estrangeiro, que não dá condições de trabalho, precariza as relações trabalhistas, paga mal os trabalhadores e depois manda altos lucros para fora do Brasil. Precisamos mudar esse cenário e reestruturar tudo de novo, com valorização profissional, qualificação de pessoal e desse serviço essencial”.

“Assumir o papel de sindicato cidadão”

Diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Damasceno foi convidado para falar sobre “Os Novos Papéis do Movimento Sindical e dos Sindicatos”. Começou com a experiência do SMABC, afirmando que “sempre fomos muito além de reivindicações e direitos trabalhistas. Sempre tivemos uma atuação mais ampla, com lutas pela redemocratização, moradia, saúde, educação, atuando junto com os movimentos sociais”.

Analisou também as consequências para o movimento sindical depois do golpe de 2016. “De lá para cá, a palavra de ordem dos sindicatos cutistas foi resistência, inclusive contra a reforma trabalhista que veio para destruir os sindicatos, sem nenhuma negociação e sem dinheiro. Assim, as entidades tiveram que se voltar para dentro de suas organizações internas, inclusive com a redução de estrutura e o corte de pessoal”, pontuou.

Para Damasceno, as inúmeras manifestações sindicais e de massa foram “superimportantes para defendermos os direitos da classe trabalhadora e a volta da democracia. Agora o momento é de reorganização também do movimento sindical. Temos muitos desafios pela frente para superar o papel fundamental dos sindicatos, que é o de recuperar e ampliar direitos, para disputar também o protagonismo das pautas e debater a política industrial e a distribuição de renta, por exemplo”.

O metalúrgico afirmou que “a intenção é recuperar as políticas públicas, assumindo nosso papel trabalhista na disputa capital e trabalho, mas também assumindo o papel de sindicato cidadão. É preciso discutir qual o modelo de desenvolvimento queremos, quais as políticas públicas precisamos, entre outros temas. É fundamental organizar as bases para a disputa desses direitos sociais”.

E concluiu: “Sabemos que a reforma trabalhista trouxe novos modelos de contratação, muitos ainda sem proteção e sem direitos. Essa é uma luta da classe trabalhadora. No caso do Sinergia CUT, diante da transição energética da geração à distribuição, cabe fazer esse debate com a categoria, inclusive para debater o modelo de representação do sindicato. E esse debate vocês sabem fazer”.