Ação bilateral

CUT e governo traçam estratégia para defender pautas de interesses de trabalhadores

Em reunião no Palácio do Planalto, sindicalistas da CUT reivindicaram a criação de canais de maior diálogo entre governo e trabalhadores para a defesa de pautas de interesses de ambos

Reprodução/CUT

Redação CUT

A CUT, confederações, federações e sindicatos filiados se reuniram com o governo federal nesta quarta-feira (14), no Palácio do Planalto, em Brasília, para criar uma estratégia de ação em torno das pautas de interesse da classe trabalhadora e do próprio governo. A missão foi instituir um canal de diálogo maior para que os temas sejam amplamente debatidos, priorizados e, assim, se possa ter uma melhor estratégia dentro do Congresso Nacional.

Participaram também da reunião lideranças partidárias e do governo na Câmara e no Senado, além da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.  O Secretário-Geral da CUT Nacional, Renato Zulato, presente ao encontro, ressaltou o ‘peso’ da iniciativa.

“É de grande relevância o encontro. Há uma necessidade de haver um canal permanente de diálogo entre as partes, não só para alinhar as posições, mas também para tratar das diferenças”, disse o dirigente.

O trabalho agora é construir unidade de atuação dentro do Congresso Nacional, para uma luta coletiva e organizada contra pautas que ameaçam direitos e, ao mesmo tempo, defender e apresentar uma agenda positiva da classe trabalhadora.

A atuação no Congresso, de acordo com os sindicalistas, significa necessariamente reforçar o trabalho de convencimento dos parlamentares nas comissões, nos plenários e em seus estados, sobre a importância de aprovar, propor emendas ou mesmo rejeitar proposições da agenda prioritária que estão em tramitação.

Atualmente tramitam no Legislativo 238 proposições ligadas a projetos de interesse da classe trabalhadora. Dessas, na reunião, foram selecionadas prioritariamente 32 de interesse do governo e outras 48 de interesse direto da classe trabalhadora para serem debatidas neste primeiro semestre de 2024.

Do lado dos trabalhadores, tais pautas incluem uma reforma tributária justa e solidária, o combate à precarização das relações de trabalho, a regulamentação do trabalho por plataformas de aplicativos e o teletrabalho, além da construção de um entendimento sobre as proposições que tratam de direitos nas áreas de saúde, educação, meio ambiente, cultura e previdência social. Não menos importante, a aprovação pelo Congresso Nacional das convenções da OIT também foi tratada como prioridade.

Já entre as pautas elencadas pelo governo e que passam pela atuação e mobilização da classe trabalhadora, estão a defesa da democracia com a união e reconstrução do Brasil; o fomento ao desenvolvimento econômico com distribuição de renda; a geração de oportunidades de trabalho; a valorização dos servidores públicos; o estímulo às negociações coletivas e o fortalecimento das entidades sindicais.

Outras demandas

Em tempos de um Congresso Nacional cuja maioria dos parlamentares segue a ‘cartilha’ conservadora de atuação e, portanto, atua para obstruir os projetos e ações do governo federal e do campo progressista, o diálogo é um desafio relevante.

“É desfavorável correlação de forças no Congresso. Teremos imensos desafios neste ano e nos próximos dois anos”, ressaltou o secretário de Assuntos Jurídicos da CUT Nacional, Valeir Ertle.

Na reunião, o consenso é de que a atual situação política do país é, de fato, adversa aos interesses dos trabalhadores, dada a realidade no Congresso. Por isso, fica claro que o entendimento e o diálogo entre trabalhadores com o governo e com os parlamentares é imprescindível.

“Esse diálogo se dá com os parlamentares não apenas no Congresso, mas também em suas bases, ou seja, nos seus estados com trabalhadores pressionando para que aprovem as pautas de interesse da classe”, diz Zulato, afirmando que é este o caminho para reverter retrocessos civilizatórios e os obstáculos à retomada do desenvolvimento do Brasil e assegurar trabalho decente, mais bem remunerados e com direitos.

ao centro, Renato Zulato, Secretário-Geral da CUT Nacionalao centro, Renato Zulato, Secretário-Geral da CUT Nacional

Além do tema ‘configuração do Congresso’, também foram expostas a necessidade de melhorar o atendimento e o diálogo com ministérios e demais órgãos do governo. A proposta foi construir e manter canais permanentes de diálogo com o movimento sindical nesses órgãos.

Como resultado do encontro, sindicalistas e governo saíram dispostos a atuarem, lado a lado, para convencer parlamentares sobre a importância de contemplarem a classe trabalhadora nas votações.

A CUT atuará e fortalecerá a aliança com as demais centrais sindicais e com movimentos democráticos e populares para reforçar a luta pela democracia e pela união de todos e todas na reconstrução do país.