Furnas: o pesadelo dos trabalhadores contratados

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Débora Piloni

O anúncio feito nesta semana pela empresa Furnas Centrais Elétricas, de dar início ao processo de demissão de mais de mil trabalhadores contratados, tem causado polêmica e indignação entre os trabalhadores e também nos meios sociais. Isso porque, a medida acontece sem qualquer consulta aos próprios trabalhadores e aos sindicatos que legitimamente os representam.
Essa história vem de longe e começou em 2002 quando, depois de realizar um Plano de Demissão Voluntária (PDV) que teve alta adesão, o governo federal se viu obrigado a contratar técnicos para a atividade fim por meio de empresa interposta, fazendo para isso processos seletivos internos e análise de currículos. Esses 1.050 trabalhadores, que agora estão sendo demitidos, têm entre 15 e 25 anos de casa.
Mais do que se solidarizar com os contratados de Furnas, o Sinergia CUT lembra que vem acompanhando nos últimos anos o andamento do processo e foi um dos primeiros sindicatos a tomar a decisão de garantir em seu estatuto a representação dos terceirizados e contratados das empresas de energia elétrica.
Nesses anos todos, a luta em defesa desses trabalhadores, com o objetivo de eliminar a figura criada de “primeira e segunda categorias” foi árdua. Principalmente nesses últimos dois anos, em que os direitos históricos e imediatos da classe trabalhadora se esvaem pelo comando do poder Executivo, referendado pelo Legislativo e sacramentado pelo Judiciário.
A audiência de conciliação, ocorrida no Supremo Tribunal Federal (STF), no último dia 18, veio coroar uma condução nesse processo, no mínimo, estranha. Houve pouco ou nenhum debate entre as entidades que legitimamente representam os trabalhadores. Um prazo de 10 dias foi dado pelo ministro do STF Luiz Fux para que Furnas e a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) chegassem a um acordo com relação à questão dos contratados  e, nesta última quinta-feira (26), FNU e empresa apresentaram uma proposta que se resume em demissão com indenização.
Temos proposta melhor
Sempre incansável na defesa dos trabalhadores, o Sinergia CUT solicitou reunião com presidente de Furnas, Luiz Carlos Ciocchi,  e que ocorreu no último dia 23. Na ocasião, o Sindicato cobrou  a necessidade da preservação do emprego e  da confiabilidade do sistema. “Esses trabalhadores estão inseridos no cotidiano das áreas operacionais de Furnas e têm experiência para manter o sistema funcionando com qualidade”, afirmou Carlos Alberto Alves, presidente do Sinergia Campinas.
Ciente de que não adianta apenas criticar as ações e as medidas mas se faz necessário sugerir soluções, na reunião com Ciocchi, o Sindicato propôs que Furnas estabeleça um cronograma, conforme acordado em 2003, garantindo assim, a eficiência dos serviços prestados.
“O Sindicato não abrirá mão da legítima representação dos trabalhadores e deixa claro que não concorda com o fato de não terem sido realizadas assembleias nos locais de trabalho para construir com a categoria possíveis alternativas para o lamentável fato criado. Continuamos na luta”, afirma a direção do Sinergia CUT.