Saúde

Escolha de quem vai ou não para UTI já acontece em SP, diz médico do Emílio Ribas

Em São Paulo, Rio, Fortaleza e Recife já estão faltando vagas em UTIs para tantos doentes

Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Redação CUT

Em São Paulo, estado com 15.385 casos confirmados e 1.093 mortes por Covid-19, doença provocada pelo novo coranavírus, os médicos já estão sendo de escolher quem vai para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e quem não vai. E o número de mortos e infectados no estado mais afetado pela pandemia pode ser muito maior. As autoridades da área da saúde reconhecem que a subnotificação é grande porque só estão sendo testadas as pessoas internadas e ainda não saíram os resultados dos testes de muitos dos que morreram com suspeita da doença.

A afirmação é do médico Jaques Sztajnbok, do Hospital Emílio Ribas,  referência no tratamento de doenças infectocontagiosas em São Paulo. Ele disse a Folha e a GloboNews que o Emílio Ribas tem 30 leitos de UTI e todos ocupados. Um novo paciente só pode ser admitido quando um leito fica vago, seja por alta ou por falecimento de outra pessoa.
“Quando eu tenho zero vagas e olho [no sistema] que há seis solicitações para uma vaga, a situação já se delineia. Quando aparece uma vaga e essas mesmas 6 solicitações continuam lá, essa escolha acaba sendo indiretamente efetivada. Mesmo sem a dramaticidade de estar com os dois pacientes na minha frente, com um único aparelho”, disse o médico.
Ele disse ainda que não é possível responder “objetivamente” se estamos no pico de casos da Covid-19 ou se ainda caminhamos para esse cenário porque “não se sabe qual é o comportamento dinâmico dessa epidemia”.
“O que a gente sabe é que já estamos lotados. Então, se não estivermos no pico ainda, é bom que as autoridades corram, porque em algum lugar nós vamos ter que internar esses pacientes”.
De acordo com Sztajnbok  e várias outras autoridades da área da saúde, um paciente com quadro grave da Covid-19 fica internado de duas a quatro semanas.
Hospitais do Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife também estão operando no  limite da capacidade por causa da pandemia do novo coronavírus.
No Rio, estado que registra  mais casos confirmados e mortes, depois de São Paulo, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), na manhã desta quarta-feira (22), a taxa de ocupação na rede estadual chegou a  66% em leitos de enfermaria e 78% em leitos de UTI. Nos últimos 45 dias, o estado abriu 548 novos leitos exclusivos para tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus em todo o estado.
Segundo a TV Globo, até 30 pacientes chegam a ser levados por dia ao Hospital Zilda Arns, uma das unidades de referência no combate à Covid-19 no Estado. A unidade fica em Volta Redonda, a 120 quilômetros da capital.

Escrito por: Redação CUT