Seminário Política Energética

Defesa da Eletrobras precisa ser debatida nas eleições municipais

A avaliação é dos participantes da segunda mesa “Desafios e estratégias da classe trabalhadora” do “Seminário Política Energética, desenvolvimento e futuro do trabalho”. O evento aconteceu na tarde da última quinta-feira (24), através da plataforma zoom, e foi promovido pelo Sinergia CUT

Nice Bulhões

As eleições municipais deste ano devem servir de alavancas para o debate sobre a política energética e a tentativa de privatização da Eletrobras, já que influenciam as eleições presidenciais de 2022. A avaliação é dos participantes da segunda mesa “Desafios e estratégias da classe trabalhadora” do “Seminário Política Energética, desenvolvimento e futuro do trabalho”. O evento aconteceu na tarde da última quinta-feira (24), através da plataforma zoom, e foi promovido pelo Sinergia CUT.
Os participantes desta segunda mesa foram Paulo de Tarso, presidente da Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU), Daniel Gaio, secretário de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e Fabíola Antezana, diretora do Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal (STIU-DF), dirigente da CNU e integrante do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE). Para eles, política energética e privatização da Eletrobras precisam estar em voga diante do “pragmatismo neoliberal”, segundo Tarso, fomentado pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Paulo de Tarso, presidente da Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU). Foto: Roberto Claro


“Desde 1990, já queriam privatizar a Eletrobras e o movimento sindical conseguiu barrar e vem fazendo esforços para impedir que aconteça, porque esse patrimônio é estratégico na garantia da soberania nacional “, afirmou Tarso. “É preciso aproveitarmos as eleições municipais para ampliar a discussão sobre a política energética do país e a tentativa de privatização da Eletrobras. Precisamos entrar em nossas plataformas de energia, gás, petróleo e saneamento e cobrar os candidatos dos pleitos municipais, porque isso vai influenciar as eleições de 2022.”
Não à privatização da Eletrobras
Segundo Fabíola, a Eletrobras é a quinta geradora de energia do mundo e detém 50% das linhas elétricas do Brasil, mas não vem recebendo investimentos, uma prática de desmonte do governo para poder privatizá-la. “E cada vez mais será difícil a realização de grandes obras por questões de custo e socioambientais, por isso propomos pequenos parques fotovoltaicos (usinas solares) nas hidrelétricas, sobre as lâminas d´água”, explicou. Acrescentou que a energia solar irá servir para o autoconsumo remoto de geração distribuída. Já existem projetos para Furnas, uma das subsidiárias da Eletrobras.
“Ao privatizar a Eletrobras, além das linhas de energia, estaremos privatizando linhas de fibras ópticas, já que a Companhia detém sete anéis ópticos no país, com infinita capacidade de transmissão de dados”, advertiu Fabíola. Nos governos federais do PT, fez-se o projeto para usar estas fibras ópticas para a estrutura na comunicação das universidades, hospitais e ainda promover a popularização da internet em banda larga.

Fabíola Antezana, diretora do Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal (STIU-DF), dirigente da CNU e integrante do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE). Foto: Roberto Claro


São 16 mil quilômetros de fibras instaladas dentro dos cabos, interligando 18 estados no Brasil. A empresa que faz a gestão destas fibras é a Eletronet. “Por isso, questionamos o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público Federal sobre isso que não aparece em lugar algum e estamos no aguardo”, falou Fabíola. “É o momento de buscar apoio contra a privatização e de pressionar para que o projeto de privatização não seja votado.”
Falta pouco mais de um mês para esse projeto completar um ano no Congresso Nacional e não houve avanço na tramitação legislativa, já que encontra resistência dos parlamentares, principalmente os da região Norte e Nordeste. “O CNE está buscando mais apoios contra esse projeto, que fere a nossa soberania nacional”, diz Fabíola. “A população precisa enxergar que só estão trocando a palavra privatização por capitalização, mas é a mesma coisa.” Em 2021, acrescentou, o CNE fará uma ação mais contundente na campanha “Energia não é mercadoria”.

Transição justa

Daniel Gaio, secretário de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Foto: Roberto Claro


Para Gaio, é preciso fazer a defesa dos patrimônios públicos. Ele falou muito sobre a transição justa, conceito inserido no Acordo de Paris de 2015, por meio do qual 195 países assumiram compromissos de redução de emissões para enfrentar a crise climática. “O capitalismo verde ofereceu uma série de ´saídas´ para poluir menos, mas reproduziu a mesma lógica de mercado e promoveu ainda mais exclusão porque as novas formas de organização da produção são ainda mais precarizadas, terceirizadas, e há um processo de mecanização da indústria 4.0, que aliena ainda mais o trabalhor do processo produtivo”, explicou o secretário de Meio Ambiente da CUT.
Para ele, é preciso ter energia limpa e trabalho limpo. “Não adianta falar que os trabalhadores estão produzindo energia limpa se não têm uma convenção trabalhista e condições de trabalho decente.” Por isso, é preciso aproveitar as eleições para debater a política energética do país e a privatização da Eletrobras. E, acrescentou, que é preciso ficar atento aos “sofismos” e acompanhar a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26) em Glasgow, na Escócia, em2021. Confira abaixo vídeo explicativo sobre transição justa.

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Por Nice Bulhões