Disparada de casos de Covid-19 no Brasil deixa sistema de saúde à beira do colapso

Temendo uma situação ‘gravíssima’, prefeitos e governadores se antecipam com medidas mais duras no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Eles alertam que o caos pode se espalhar pelo país

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Walber Pinto, da CUT

Escrito por: Walber Pinto 

A disparada de casos de Covid-19 no Brasil nos últimos meses  pressiona o sistema de saúde em várias cidades brasileiras e, em muitas, há indícios de que haverá colapso. Há 32 dias consecutivos com a média de mortes acima de mil, o mais longo período desde o início da pandemia do novo coronavírus, em fevereiro do ano passado, o país lida com a trapalhada do governo federal na aquisição de vacinas em meio à transmissão da nova cepa que surgiu no Amazonas, mais agressiva e que se espalha com rapidez.

Em 24 horas, o país registrou 554 novas mortes em decorrência da Covid-19 e alcançou a marca de 246.560 vidas perdidas. A média de óbitos nos últimos sete dias é de 1.038. No total, 10.167.300 pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus em todo o país – 29.035 em 24 horas.

A reação de prefeitos e governadores

Em Araraquara, município de São Paulo, o prefeito Edinho Silva (PT) decretou uma quarentena total de 60 horas com as restrições mais severas já impostas desde o início da pandemia em uma cidade brasileira, após ficar com Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A medida vale do meio dia de domingo (21) até esta terça-feira (23).

O município é o que tem o maior número de confirmações (12 no total) da variante brasileira do novo coronavírus no estado de São Paulo e isso pode ter relação com a alta de casos, internações e mortes.

O prefeito alerta que podem faltar oxigênio e médicos para ampliar leitos nas cidades atingidas pela nova cepa do coronavírus.

“A situação é grave, é o prenúncio de algo muito ruim. Outras regiões estão sentindo a doença crescendo de forma vertiginosa”, disse Edinho, neste domingo (21), em entrevista à CNN Brasil.

O Estado de São Paulo contabiliza 35 casos de contaminação pela variante do coronavírus. Segundo a secretaria estadual de Saúde de São Paulo são 28 casos no estado da variante de Manaus e outros 7 casos da linhagem britânica. O estado registra o maior número de pessoas internadas em UTI com Covid-19 de toda a pandemia. São 6.387 internações, o maior recorde desde 14 em julho de 2020, quando havia 6.173 pacientes nessa situação.

Apenas neste domingo (21), foram 1.667 novas internações no estado e 849 na Grande São Paulo, a pior situação nas últimas quatro semanas.

Na Bahia, o governador Rui Costa (PT) anunciou neste domingo (21) que vai endurecer as regras do toque de recolher no estado depois que a ocupação de leitos de UTIs exclusivos para Covid-19 chegou a 80%. A partir desta segunda-feira (22), a medida passa a valer das 20h às 5h do dia seguinte – até então, era das 22h às 5h. As restrições também atingem as regiões de Jacobina e Irecê, não incluídas no decreto original.

No decreto do governador baiano, haverá também restrições às atividades econômicas do estado. O atendimento presencial em bares e restaurantes será até 18h. O funcionamento do transporte metropolitano vai até 20h30. Entrega de alimentos por aplicativos vai até as 23h.

“Estamos vivendo um momento extremamente grave e conto com a compreensão de todos”, explicou o governador Rui Costa, que também não descarta medidas mais duras para conter o avanço da doença.

Santa Catarina enfrenta o momento mais grave desde o início da pandemia. O estado registra colapso hospitalar em Chapecó, por falta de leitos na Grande Florianópolis. O índice de ocupação nas UTIs é preocupante e nesta segunda-feira (22) chegou a 90,8%. Há regiões com 97% de ocupação. É questão de tempo para o colapso no sistema de saúde começar.

No Rio Grande do Sul, cidades gaúchas que fazem divisa com Santa Catarina tiveram novas restrições a partir deste fim de semana para tentar conter o avanço da Covid-19.  Cerca de 11 regiões do estado aderiram às novas regras que integram a bandeira preta, que indica nível gravíssimo de risco para Covid-19.

Em um comunicado, neste sábado (20), o governador Eduardo Leite (PSDB) chamou atenção para o avanço da doença no Rio Grande do Sul e destacou o aumento de 64% nas internações em leitos clínicos em 12 dias, e 22% de aumento na demanda por leitos de UTI.

Pazuello enfrenta processos no MPF por omissão e falha na vacinação

Enquanto várias cidades já estão sem vacinas, os atos do ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, no combate à pandemia estão sendo investigados pelo Ministério Público Federal (MPF). São mais de dez processos de suspeita de prática de crimes de improbidade administrativa.

Documentos obtidos pelo jornal Folha de São Paulo, mostram que as condutas de Pazuello com suspeita de irregularidades vão além das investigadas em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), aberto para averiguar se o ministro foi omisso na crise do oxigênio no Amazonas, e do inquérito instaurado pela Procuradoria da República no DF, que apura distribuição de cloroquina.

O ministro já prestou depoimento à PF. Tanto Pazuello quanto o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) são investigados por distribuição massiva de cloroquina, medicamento que não tem eficácia contra a doença.

Com informações de Agências

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