Escrito por: Redação CUT
Em mais um fim de semana de protestos, com carreatas em várias cidades do Brasil, a classe trabalhadora brasileira reforçou seu posicionamento contrário ao governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), que não tem um projeto de desenvolvimento com geração de emprego e renda nem para combater a pandemia do novo coronavírus, comprar vacinas e pagar um auxílio emergencial para a população mais pobre conseguir sobreviver com o mínimo de dignidade durante a maior crise sanitária da história.
O grito “ForaBolsonaro” ecoou junto com buzinaços em mais de 70 cidades, reunindo milhares de manifestantes, que exigem a saída do presidente e pressionaram o presidente do Congresso Nacional, Arthur Lira (PP-AL) a pautar um dos cerca de 70 pedidos de afastamento já foram apresentados à Câmara. Nenhum presidente brasileiro teve até hoje tantos pedidos de impeachment protocolados na casa.
Mas, para que o Congresso, de fato, ‘desengavete’ o impeachment, a mobilização deverá crescer ainda mais e contar com a participação de outros setores da sociedade que também são impactados pela falta de competência e irresponsabilidade de Bolsonaro para governar o país, avalia a Secretária-Geral da CUT, Carmen Foro.
As pedras no caminho para o impeachment, ela diz, têm nomes. São os recém-eleitos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, parlamentar do bloco chamado de ‘Centrão’, que reúne partidos de centro e centro-direita; e o do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ambos aliados de Bolsonaro e por quem o governo trabalhou, deu cargos e liberou verbas para conseguir eleger.
“O país, mergulhado em uma calamidade sanitária, assistiu a toda a mobilização política articulada para a eleição da presidência da Câmara. Arthur Lira é alinhado ao governo neofascista de Jair Bolsonaro e agora é a pessoa responsável pela pilha de pedidos de impeachment”, diz Carmen Foro.
Na avaliação da dirigente, a forma de negociação política promovida pelo governo para garantir influência em cargos no Congresso Nacional foi escandalosa. “O presidente pagou R$ 511,5 milhões em emendas parlamentares em janeiro para a Câmara e para o Senado para eleger Lira”, diz.
Para os trabalhadores, este cenário representa um retrocesso às pautas progressistas, justamente em um momento de agravamento da pandemia do novo coronavírus e de elevação do desemprego, que já atinge mais de 14% dos trabalhadores.
Por isso, Carmen afirma que a luta é árdua, mas o povo brasileiro tem que levar sua voz às ruas a fim de pressionar ainda mais os aliados de Bolsonaro e mostrar quais são as reais necessidades do país.
“O empenho tem que ser pela garantia do Estado Democrático de Direito, pela eficiência na aquisição de vacinas e na imunização, pelo retorno do auxílio emergencial e pela criação de novos postos de trabalho”, diz Carmen, que acrescenta: “Com Bolsonaro isso é impossível e só Bolsonaro fora da presidência o Brasil poderá se salvar”, ela diz.
E a mobilização, de acordo com ela, é o caminho. “A classe trabalhadora, os movimentos de esquerda e os setores empresariais comprometidos com o regime democrático devem se juntar ao clamor social em grandes mobilizações para pressionar o Congresso a dar andamento ao impeachment”.
Nas ruas e nas redes
O ativismo nas redes sociais, que têm se mostrado um instrumento de luta de grande influência e a luta nas ruas, ainda que neste grave momento pandêmico, é que tem o poder de unir os diversos setores da sociedade nas mobilizações, diz a Secretária Geral da CUT. “Temos que nos unir e usar todas as nossas forças contra esse governo genocida, negacionista, exigir o impeachment e impedir a reeleição em 2022”.
Motivos não faltam para o impeachment
Bolsonaro é acusado de cometer crimes contra a soberania nacional, contra a existência da União, além de incitar conflitos entre os três poderes.
A política de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 246 mil pessoas e infectou mais de 10 milhões de brasileiros, permeia a maioria dos pedidos, o que demonstra a total incapacidade de Bolsonaro para gerenciar a crise sanitária e salvar vidas. “É uma postura explicita de sabotagem contra o combate à pandemia”, diz Carmen Foro.
Também é apontada como crime nos pedidos de impeachment, a compra e divulgação de remédios sem eficácia científica comprovada, como hidroxicloroquina e a ivermectina. Os pedidos ainda incluem a postura do presidente em desestimular o isolamento social e a desrespeitar protocolos de segurança para conter a disseminação do vírus.
edição: André Accarini e Marize Muniz
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