COVID-19

CPFL: TERROR E ASSÉDIO EM SÃO CARLOS

Sem os devidos protocolos de proteção à vida, EA vira foco de contaminação simultânea com nove trabalhadores infectados e sete afastados por prevenção. Sindicato também lamenta morte de dois companheiros da linha de frente e entra com ação judicial

Bira Dantas

Lílian Parise

Sem os devidos protocolos de proteção à vida, EA vira foco de contaminação simultânea com nove trabalhadores infectados e sete afastados por prevenção. Sindicato também lamenta morte de dois companheiros da linha de frente e entra com ação judicial

Um clima de verdadeiro terror tomou conta dos trabalhadores da CPFL na EA (Estação Avançada) São Carlos e na Agência de Atendimento que funciona ao lado. Praticamente, de uma só vez, nove trabalhadores foram contaminados pela covid-19. Outros sete colegas de trabalho foram afastados por ter tido contato com os infectados pelo coronavírus.

Não foi por falta de aviso, nem de insistência da direção do Sinergia CUT que, há tempos, vem cobrando da CPFL mais rigor nos protocolos necessários para evitar a contaminação dos trabalhadores que, por força da atividade essencial que exercem, estão nas ruas e em contato direto com pessoas, correndo risco de contágio diariamente.

A necessidade de proteção individual adequada e a garantia de segurança para preservar a vida dos trabalhadores de linha de frente durante a pandemia foi pautada pelo Sindicato em diversas reuniões com a empresa e também nos encontros da Comissão de Saúde e Segurança.

“Mas parece que a empresa ignorou e desprezou todos os protocolos, com um relaxamento inadmissível, que acabou se transformando em um verdadeiro foco de covid, contaminando diversos trabalhadores”, destaca a direção do Sindicato.

Ao tomar conhecimento da gravidade da situação, imediatamente o Sindicato enviou carta à CPFL para formalizar o pedido para abertura de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) para todos os trabalhadores contaminados, incluindo também os sete que foram afastados por terem tido contato com esses colegas no amiente de trabalho, caso venham a ser vítimas da doença futuramente.

Assédio moral da chefia

Não bastasse o transtorno da contaminação, denúncias apontam que o gerente responsável pela EA São Carlos, André Luis Marques de Souza, anda assediando os trabalhadores, afirmando que foram contaminados fora da empresa e levaram o vírus para a EA.

“Mas ele não explica como sabe disso, nem se tem certeza do que está falando, muito menos se está preocupado com a saúde e a recuperação dos seus subordinados”, destaca o Sindicato.

Pelas denúncias, o gerente ainda estaria dizendo que os trabalhadores contaminados estão prejudicando a EA, pois estão afastados e não estão produzindo, o que acaba prejudicando as metas a serem atingidas.

“Lamentável saber desse absurdo. O gerente que é, de fato, o verdadeiro responsável pelo descaso na aplicação das medidas de segurança contra o contágio de covid, acaba responsabilizando os trabalhadores”, afirma a direção do Sindicato.

Atendimento também sob tensão

Segundo o Sindicato apurou, os trabalhadores das Agências de Atendimento também estão apreensivos com os riscos de contaminação. Filas enormes estão se formando nas agências e a combinação de clientes insatisfeitos com essa aglomeração só aumenta o risco de contaminação.

Isso foi agravado pela indisponibilidade do Rede Fácil. O Sindicato tem buscado, com insistência, uma solução imediata para esse problema, mas a CPFL nega e também insiste em dizer que o serviço das agências de atendimento é essencial e tem amparo da Aneel.

Covid causa mais mortes

Infelizmente, trabalhadores da CPFL que atuam na linha de frente continuam morrendo diante da maior pandemia brasileira, sem controle e sem governo.

Foi o que aconteceu com o eletricista de Linha Viva da EA Penápolis e Representante Sindical do Sinergia CUT, João Batista Gonçalves dos Santos, que morreu essa semana, aos 55 anos, depois de ficar internado vários dias na UTI.

No final do ano passado, em Jau, o técnico de Redes de Distribuição, José Messias Milani, também foi vítima fatal de covid-19, aos 56 anos.
“Mais que solidariedade e pesar aos familiares, o Sindicato também solicitou a abertura de CAT nesses casos, sem sucesso. Por isso, entramos com ação judicial para as famílias visando reparar essa injustiça”, finaliza o Sinergia CUT.

Por Lílian Parise