Inflação em alta

IPCA passa de 6% nos últimos 12 meses. É o maior índice desde 2016

Combustíveis, gás, energia pressionam inflação que tem a maior taxa em quatro anos. IPCA passa de 6%, o que não acontecia desde o final de 2016. Taxa de março foi a maior para o mês desde 2015

Roberto Parizotti

Redação CUT

Pressionada pelos reajustes nos preços dos combustíveis, gás, energia, a inflação no país segue em alta. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 0,93%, a maior para o mês desde 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Com isso, o índice da inflação oficial no Brasil atinge 6,10% nos últimos 12 meses. Apenas neste primeiro trimestre deste ano, o país soma 2,05% de inflação – quase a metade de todo o ano passado.  

O índice não passava dos 6% desde o final de 2016, ano do golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Em novembro daquele ano o indicador ultrapassou o teto da meta do Banco Central  de 6,5% e atingiu 6,99%. Para este ano, o centro da meta de inflação estabelecida é de 3,75%, podendo variar entre 2,25% e 5,25%.

Fonte: IBGE

O IPCA no mês de março aumentou nas 16 áreas pesquisadas. O menor índice foi apurado na região metropolitana de Recife (0,62%) e o maior, no município de Goiânia (1,46%).

Em 12 meses, a taxa vai de 4,97% (Grande Rio) a 8,44% (Rio Branco /AC ). Seguidos pelas capitais Fortaleza, São Luís e Vitória  (7%). Na região metropolitana de São Paulo, a taxa acumulada é de 5,61%.

Gasolina e etanol pressionam grupo dos Transportes. 

Seis dos nove grupos pesquisados  tiveram alta no mês passado. A maior variação, 3,81%, foi de Transportes, com impacto de 0,77 ponto percentual na taxa geral de março. Apenas a gasolina teve impacto de 0,60 ponto em março. O etanol (12,59%) e o óleo diesel (9,05%) também aumentaram, somando mais 0,11 ponto.

Os combustíveis,  só em março, subiram 11,23%, chegando a 11,26% no caso da gasolina. O gás de botijão teve aumento de 4,98% em março e acumulada 20,01% em 12 meses. Já o gás encanado registrou alta de 1,09%, com reajustes em Curitiba e no Rio. Os preços dos derivados de petróleo refletem a política de preços da Petrobras, de paridade internacional, atrelada ao dólar.

O IBGE registrou ainda altas nos pneus (3,27%), no seguro de veículos (2,62%) e nos automóveis usados (1%). E apurou quedas nos preços do aluguel de veículo (-14,02%) e transporte por aplicativo (-3,42%). O trem subiu 1,84%, com reajuste de tarifa no Rio de Janeiro, e o ônibus urbano, 0,11%, com aumento nas passagens em Recife. 

Outros grupos

O grupo da Habitação (0,81%) representou 0,12 ponto. Assim, apenas transportes e habitação foram responsáveis por quase todo o IPCA de março.

Já o grupo Alimentação voltou a desacelerar, com taxa de 0,13% e impacto de 0,03 ponto. Segundo o instituto, a alimentação no domicílio caiu 0,17%, com queda de produtos como tomate (-14,12%), batata inglesa (-8,81%), arroz (-2,13%) e leite longa vida (-2,27%). O preço das carnes teve aumento médio de 0,85%. Comer fora, por sua vez, ficou 0,89% mais caro em março. O IBGE destaca aumentos do lanche (1,88%) e da cerveja (1,70%).

O grupo Educação recuou (-0,52%). O item cursos diversos teve alta de 0,69%, enquanto os cursos regulares caíram 0,79%, com destaque para o ensino superior (-1,75%). A taxa de água e esgoto também subiu (0,13%). 

GrupoVariação (%)Impacto (p.p.)
FevereiroMarçoFevereiroMarço
Índice Geral0,860,930,860,93
Alimentação e bebidas0,270,130,060,03
Habitação0,400,810,060,12
Artigos de residência0,660,690,030,03
Vestuário0,380,290,020,01
Transportes2,283,810,450,77
Saúde e cuidados pessoais0,62-0,020,080,00
Despesas pessoais0,170,040,020,00
Educação2,48-0,520,15-0,03
Comunicação-0,13-0,07-0,010,00
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

INPC também sobe

A inflação em alta também foi identificada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 0,86%, também a maior taxa para março desde 2015. Soma 1,96% no ano e 6,94% em 12 meses. Segundo o IBGE, os produtos alimentícios subiram 0,07%, abaixo de fevereiro. Já os não alimentícios aumentaram mais (1,11%).

Com informações da RBA

Escrito por: Redação CUT