Obras paradas

Falta de equipamentos de proteção e de papel higiênico provocam greve na MRV

Em Campinas (SP), trabalhadores da construção civil também reivindicam valor justo de PLR, enquanto que construtora destina milhões a clube de futebol

Reprodução/Sinticom Campinas

Rafael Silva - CUT São Paulo

Na manhã desta segunda-feira, 26 de julho, trabalhadores da MRV de Campinas realizaram mais uma manifestação pelas ruas e avenidas da cidade. A categoria da construção civil está em greve há mais de dez dias, em reivindicação por melhores condições de trabalho e pelo pagamento de PLR (Programa de Participação nos Lucros e Resultados).

São cerca de 700 trabalhadores que estão de braços cruzados até que a empresa apresente uma solução para a falta de equipamentos de proteção individual. Além disso, também cobram itens básicos de uso que faltam nos banheiros, como papel higiênico.

Apesar de a paralisação afetar oito canteiros de obras, sendo grande parte na Vila Industrial e no Jardim Esmeraldina, a empresa ainda não apresentou nenhuma proposta e tem se recusado a receber o Sindicato da Construção Civil, Montagem e Mobiliário de Campinas e Região (Sinticom Campinas) para diálogo.

Dirigente da entidade, Jucelino Souza Novais explica que a construtora não realiza acordo com a categoria há três anos, fato que motivou uma denúncia do Sindicato ao Ministério Público do Trabalho (MPT). A ação permitiu o acesso às folhas de pagamentos que a MRV faz aos seus funcionários, onde foram constatadas diferenças de valores de PRL. “Vimos que a empresa paga alguns trabalhadores de uma forma e, para os que estão nos canteiros de obras, do jeito que ela bem entende, sem negociação. Os cargos do administrativo pra cima recebem bons valores de participação, enquanto que na obra só pagam R$ 390”, diz.

A greve teve início no dia 13 de julho e, desde então, o movimento paredista tem organizado protestos diários nas ruas, que tem ganhado o apoio de outras categorias e de lideranças políticas. A CUT-SP tem levado apoio aos trabalhadores, por meio do coordenador da subsede na região, Agenor Soares, que tem participado dos protestos.

No dia 16, a própria MRV pediu intervenção do MPT para mediar a greve. Na ocasião, houve uma oferta de conciliação de um salário nominal para cada trabalhador, o que foi acolhido pela categoria, mas recusado pela construtora.

Pro Galo tudo, aos trabalhadores nada

A MRV Engenharia é considerada a maior construtora do Brasil e atua no segmento de prédios populares. O dono da empresa, Rubens Menin, também é acionista da CNN Brasil, Rádio Itatiaia e do Bando Inter, tendo uma fortuna estimada em US$ 2,2 bilhões, segundo a revista de negócios Forbes.

Durante os protestos, os participantes também questionam o fato da MRV destinar R$ 500 milhões de reais de patrocínio ao clube Atlético Mineiro – do qual Menin se diz fanático -, enquanto uma merreca de salário é paga aos trabalhadores nas obras. O Galo também ganhou um terreno da empresa para a construção de seu novo estádio.

“Tentamos por todas as vias fazer negociação com a empresa, que não se movimentou no mesmo sentido. E se dará mal se estiver apostando no cansaço do trabalhador, pois todos estão bem conscientes de seus direitos. Por isso, aguardamos um desfecho justo”, afirma Jucelino.

Reprodução CUT-SP
CUT-SP tem levado apoio aos trabalhadores, por meio do coordenador da subsede na região, Agenor Soares

Escrito por: Rafael Silva – CUT São Paulo