Eletrobras Pública

Lula debate com eletricitários reestatização da Eletrobras, se empresa for vendida

Em encontro marcado para terça, categoria quer debater privatização da Eletrobras, o setor elétrico nacional e a perda de direitos. Comprar ações da empresa com FGTS é cilada, alertam eletricitários

Ricardo Stuckert

Rosely Rocha | CUT

Leia Mais: Governo marca data para privatização da Eletrobras: 13 de junho

Reestatizar a Eletrobras se o governo de Jair Bolsonaro (PL) conseguir vender a empresa, essa é a maior expectativa dos eletricitários em relação ao que ex-presidente Lula (PT) poderá fazer caso volte a ocupar à presidência da República, a partir das eleições deste ano. Para isso, a categoria fará um encontro reservado apenas aos eletricitários com Lula na próxima terça-feira (7), na sede Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente (Fenatema), a partir das 10h30, em São Paulo.

Além da possibilidade de reestatização, os eletricitários vão debater o setor energético nacional e as perdas de direitos.

“Esse será o nosso primeiro grande encontro com Lula e temos a expectativa de lotar o auditório que tem capacidade para 200 pessoas”, diz Tiago Vergara, diretor do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), entidade que defende a Eletrobras pública.

O ex-presidente tem se posicionado contrário à privatização da empresa dizendo que “se a gente deixar privatizar a Eletrobras, se prepararem, porque as empresas não vão tomar conta apenas do preço da energia. Elas vão tomar a água dos nossos rios, e é capaz de não deixarem ninguém nadar mais (…)  Quem quiser se meter a comprar a Eletrobras, se prepare, porque vai ter que conversar conosco depois das eleições”. A declaração foi feita durante o ato pela soberania nacional em Porto Alegre (RS) na noite da última quarta-feira (1º).

Em outra ocasião Lula se manifestou contra a venda da Eletrobras em suas redes sociais.

 Sem uma Eletrobrás pública, o Brasil perde boa parte da sua soberania e segurança energética. As contas de luz devem ficar ainda mais caras. Só que quem não sabe governar tenta vender empresas estratégicas, ainda mais correndo para vender em liquidação. #LuzParaPoucos

— Lula (@LulaOficial) May 18, 2022

Comprar ações com FGTS é cilada

Tentando ganhar a simpatia da população brasileira em favor da venda da Eletrobras, o governo diz que os trabalhadores e trabalhadoras podem utilizar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) na compra de ações da empresa, o que para o CNE trará prejuízos a quem cair na cilada de Bolsonaro.

Em boletim, a categoria explica os motivos pelos quais os brasileiros não devem comprar ações da Eletrobras. Diz trecho da nota: “para aqueles que mesmo sabendo que vão estar financiando a Privatização, e querem embarcar nessa furada, registramos o alerta: quem comprar (caso a operação ocorra) ações por FGTS, não poderá se desfazer destas ações por um ano. Se nesse período ocorrer um processo de reversão da privatização e da descotização, os acionistas de FGTS não poderão negociar saída da operação. Mesmo em caso de desvalorização vertiginosa que essa operação causará ao erário público e ao povo brasileiro. Para atingir esse nefasto objetivo, o governo ainda precisa resolver alguns problemas, como a autorização dos debenturistas de Furnas para o aporte bilionário na empresa Madeira Energia S.A (MESA), o atendimento das determinações e recomendações aprovadas pelos ministros do TCU, bem como contar com a ajuda do judiciário.

Confira aqui a íntegra da nota em que o CNE explica as questões jurídicas que podem barrar a privatização da Eletrobras.

Os eletricitários têm feito diversas manifestações e atos esta semana em defesa da Eletrobras pública, enquanto o governo Bolsonaro tenta colocar a empresa à venda, a partir do dia 13 deste mês, depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a venda, apesar de diversos indícios de irregularidades, como a venda abaixo do valor do mercado, apontadas pelo ministro da Corte, Vital do Rêgo.

Confira as manifestações e atos dos eletricitários durante esta semana e para os próximos dias, que culminará com um grande ato no dia 13.

Escrito por: Rosely Rocha | CUT