Eletrobras: ao completar 60 anos, o coração do setor elétrico brasileiro pode parar de funcionar

Maior empresa energética da América Latina completou no sábado (11) seis décadas de existência

CNE

Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE)

Há 60 anos, o maior projeto de desenvolvimento nacional foi implementado no Brasil. A Eletrobras pública nasceu para assegurar a todos os brasileiros e brasileiras o acesso à energia elétrica, demanda indispensável para a efetivação da dignidade da vida.

Ao completar seis décadas de existência, a maior estatal elétrica da América Latina, responsável pelo Programa Luz Para Todos que garantiu a melhora na qualidade de vida de mais de 15 milhões de famílias, está sofrendo o maior saqueio dos últimos tempos, apoiado pelo executivo, judiciário e parte do legislativo.

A Eletrobras, um patrimônio construído por milhares de homens e mulheres que entregaram suas vidas para que o povo pudesse iluminar as suas casas, que garante a tarifa de energia mais barata do país e é instrumento fundamental para o desenvolvimento econômico e social de todas as regiões desse imenso Brasil, caiu em mãos de uma gente que ainda carrega o açoite, violando os mais básicos direitos da população em situação de vulnerabilidade.

A privatização da Eletrobras vai provocar um dos maiores aumentos da história na conta de luz dos brasileiros, impossibilitando que grande parte da população, ante a realidade social de desemprego, crise econômica e fome, tenha condições financeiras para assegurar o acesso ao serviço de energia. O atual governo, ao defender e viabilizar a destruição de um instrumento essencial para levar luz a todos os brasileiros e as brasileiras, vai promover a formação de um enorme grupo de excluídos energeticamente, ou seja, as pessoas terão alcance a estrutura, mas não conseguirão pagar pela conta de luz.

Nesse sentido, a Eletrobras enquanto empresa estatal é essencial para o cumprimento constitucional de assegurar direitos básicos aos brasileiros e brasileiras.

A medida proposta em meio à pandemia, momento em que o Brasil chorava seus mortos, a medida avançou sem discussão com a sociedade, com votação duvidosa na Câmara e virada de votos no Senado, além de provocar um tarifaço no setor elétrico, também coloca em risco a nossa segurança energética, a nossa soberania nacional e, com as determinações da Lei 14.182, de 2021, que estabelece a contratação, pela União, de usinas termelétricas a gás natural, vai impulsionar a geração de poluentes, envenenando ainda mais a atmosfera, com agravo irreversível no cenário das mudanças climáticas.

Os impactos da privatização da Eletrobras são imensuráveis, e serão necessários mais de 60 anos para reverter todos os prejuízos. Desta forma, a defesa da Eletrobras pública é urgente, essa é uma luta de todos os brasileiros, de todos os setores, dos movimentos populares e sindical. Permitir que 60 anos de história sejam apagados ao fim de um governo entreguista, corrupto e genocida e permitir o apagar do nosso futuro, cometendo inclusive crime de responsabilidade fiscal com o recurso que pretende arrecadar com a privatização.