“Se não fizermos tudo certo, vamos sair presos”, disse Bolsonaro em 2018

Relato sobre medo de Bolsonaro, quando viu a chance de se eleger, está no livro de André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, que emprestou a casa para campanha de Bolsonaro usar como QG em 2018

Reprodução/Twitter

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

O primeiro livro do comunicador André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), promete revelar detalhes inéditos dos bastidores da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), de 2018.

No livro “O Brasil (Não) É uma Piada”, que deve ser lançado em 15 de setembro, Marinho conta que seu pai Paulo Marinho e o ex-ministro Gustavo Bebianno tiveram um diálogo no qual o então candidato a presidente já alertava para os perigos de sair preso da Presidência da República.

“Bolsonaro, notando que o seu projeto acidental estava cada vez mais próximo de se tornar um acidente com vítimas fatais, já adotava um tom de alinhamento de expectativas”, diz André Marinho, provavelmente se referindo as centenas de mortes pela Covid-19 que poderiam ter sido salvas se Bolsonaro tivesse comprado as vacinas rapidamente e tivesse adotado uma política séria para conter a disseminação da doença ao invés de boicotar o uso de máscaras e o distanciamento social indicado por cientistas. 

“Como se pensasse alto, disparou que ‘chegando lá, se não fizermos tudo certo, nós vamos sair presos’. O vaticínio esfriou o café dos três”, conta André Marinho, segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S Paulo.

“Foi o primeiro indício que Bebianno e meu pai tiveram de que poderia haver caroço no angu de Bolsonaro, que, pouco tempo depois de eleito, teria seu longo rabo-preso exposto ao país por Flávio e suas maracutaias. Convenhamos: não fez nada certo”, completa o comunicador.

A conversa que consta do livro do comunicador foi na casa de Paulo Marinho que foi transformada em uma espécie de QG da campanha bolsonarista.

O clã  Bolsonaro, que se elegeu com o discurso anticorrupção, é alvo de investigação por inúmeros crimes contra a administração pública e tem dado sinais de enriquecimento ilícito. Todos os filhos compraram imóveis caríssimos, exceto o 04, que apesar da idade e inexperiência já é empresário. No primeiro emprego, o jovem já virou dono de empresa.

Confira aqui as investigações que cada membro da família acumula:

Por que Flávio Boldonaro rompeu com Paulo Marinho

Marinho e Flávio Bolsonaro romperam após as eleições depois que o empresário revelou ao jornal Folha de S Paulo que, em 2018, o filho zero três de Bolsonaro revelou a ele ter recebido informações privilegiadas da Polícia Federal (PF) sobre Fabrício Queiroz, um dos mais importantes assessores do então deputado estadual no Rio.

De acordo com reportagem publicada em maio de 2020, após as eleições, em dezembro de 2018, Flávio procurou Paulo Marinho. Estava “absolutamente transtornado”, segundo o empresário. Buscava a indicação de um advogado criminal.

O escândalo das rachadinhas protagonizado por Fabrício Queiroz, funcionário de Flávio no seu gabinete de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio, não saía das manchetes. O senador recém-eleito temia as consequências para o futuro governo do pai – e precisava se defender.Segundo Marinho, o filho do presidente disse a ele que soube com antecedência que a Operação Furna da Onça, que atingiu Queiroz, ex-assessor parlamentar e policial militar, que movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, de acordo com o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), seria deflagrada.

Flávio foi avisado da operação entre o primeiro e o segundo turnos das eleições, por um delegado da Polícia Federal que era simpatizante da candidatura de Jair Bolsonaro.

Michelle está no livro também

Em outro trecho do livro divulgado pela jornalista, André Marinho conta que coube a ele a tarefa de comunicar à primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que o marido havia supostamente sofrido uma facada em Juiz de Fora (MG). “Numa cena que beirava o surrealismo, Michelle pegou nas minhas mãos, fechou os olhos e pediu que eu imitasse seu marido. Constrangido, imitando a língua presa de Bolsonaro, falei: ‘Vai ficar tudo bem, Mi! Agora é confiar em Deus’. Ela respirou um pouco mais aliviada e, por inusitado que tenha sido aquele momento, foi uma experiência forte para ambos”, relata.

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