Mulheres ocupam avenida Paulista em manifestação no Dia Internacional da Mulher

Mote do ato neste 8 de março foi a defesa da democracia, igualdade salarial e contra todos os tipos de violência

Roberto Parizotti

Escrito por: Carolina Servio

Milhares de mulheres de diferentes regiões de São Paulo, militantes organizadas em movimentos sociais, jovens, senhoras, negras, brancas, defensoras do Estado da Palestina, políticas, sindicalistas, algumas ligadas a partidos políticos, outras não, ativistas e feministas, se juntaram no fim da tarde e início da noite deste 8 de março em manifestação pelo Dia Internacional da Mulher.  

A tradicional marcha de São Paulo no 8 de março é convocado por uma frente ampla de organizações de mulheres, entre elas a CUT, federações e sindicatos, partidos políticos, como PT, Psol, PCdoB e PSTU, além da Marcha Mundial de Mulheres, Movimento Negro Unificado, entre outras. 

As mulheres aproveitaram a data para pautas centrais para igualdade de gênero, como o fim da violência de gênero, expressa nos altos índices de feminicídio, igualdade salarial, direitos reprodutivos, fim da misoginia e democracia.

Uma bandeira recorrente em todas as aulas da marcha, e também bastante levantada entre as lideranças sindicais, sociais e políticas que falaram no caminhão de som foi à solidariedade ao povo, e em especial, às mulheres palestinas, que vivem sob massacre do exército de Israel. 

Ao lado da vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira, e do presidente, Sérgio Nobre, a secretária da Mulher Trabalhadora Amanda Corcino, que participou da construção do ato, reforçou que a marcha mostra a disposição das mulheres ir às ruas e defender não só seus direitos, mas a democracia. 

“A direita e extrema-direita brasileira causaram um verdadeiro estrago aos direitos sociais do povo brasileiro, o que atingiu em cheio as mulheres. Não existe igualdade de gênero se não tivermos creches, saúde, trabalho decente, e para isso precisamos de um estado forte e atuante”, afirmou. 

A secretária também chamou atenção especial das militantes para a lei da igualdade salarial, sancionada em 2023. “Só veremos resultado se houver fiscalização, e esse é um dever de todas e todos nós”, acrescentou. 

Na mesma ala das trabalhadoras estava a vice-presidenta da CUT São Paulo, Ivone Maria da Silva, que chamou atenção para o contexto difícil das mulheres no estado e na cidade de São Paulo. 

“Se no Brasil a vida da mulher é uma luta por respeito permanente, em São Paulo, com a gestão municipal e estadual que temos, essa luta é ainda mais intensa. O que estamos vendo aqui é desaparecimento de equipamentos públicos, as taxas de feminicídios e estupro despararem. É preciso que o movimento de mulheres tome a dianteira para disputar a política”, alertou Ivone. 

Amanda reforçou dizendo que este é um ano eleitoral – de disputas no municípios – e que é preciso dar primazia às candidaturas cuja a pauta coloca o bem-estar e os direitos das mulheres em primeiro lugar. 

A origem feminista do 8 de março 

Em 1910, Clara Zetkin propôs, na II Conferência Internacional da Mulher Socialista em Copenhague, um dia internacional dedicado à reivindicação dos direitos das mulheres com a intenção de unificar uma data para celebrar a solidariedade internacional na luta pelos objetivos comuns.

Ainda não havia, no entanto, um dia definido e, entre 1911 e 1914, o Dia Internacional das Mulheres foi comemorado em datas diferentes do mês março. Apenas em 8 de março de 1917, com a deflagração da greve das tecelãs de São Petersburgo, que impulsionou a Revolução Russa, esta data foi consagrada como o Dia Internacional das Mulheres.

Organizações internacionais – como a ONU e a UNESCO – demoraram mais de 50 anos para reconhecer a data, e só o fizeram por pressão e insistência dos movimentos feministas.

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