Em tempos de pandemia, muita resistência e mais ousadia são os motes das novas direções do Sinergia CUT e do Sinergia Campinas

Em cerimônia online inédita, posse foi marcada pela disposição de luta renovada, pela necessidade de reinventar a ação sindical e pela emoção da despedida de quem ajuda a construir um projeto ousado que é referência nacional de liberdade e autonomia

Roberto Claro

Lílian Parise

Em cerimônia online inédita, posse foi marcada pela disposição de luta renovada, pela necessidade de reinventar a ação sindical e pela emoção da despedida de quem ajuda a construir um projeto ousado que é referência nacional de liberdade e autonomia
Com a participação de centenas de dirigentes, trabalhadores e convidados, a cerimônia de posse das novas gestões do Sinergia Sinergia CUT e do Sinergia Campinas, realizada na tarde deste sábado (25), foi marcada pela renovação de disposição de luta e de resistência aos ataques de empresas e governos, pela necessidade de reinventar a ação sindical nesses tempos de pandemia – que transforma as relações no mundo do trabalho – e pela emoção da despedida de vários dirigentes que ajudaram a construir um projeto ousado que virou referência nacional de liberdade e autonomia.
Durante mais de quatro horas, energéticos de todo o estado de São Paulo participaram antes da 1ª Reunião da Direção Colegiada, com discussão e debates sobre “Economia, Trabalho e Sindicalismo – Cenário Atual e Pós-Pandemia”, a partir de exposição de Fausto Augusto Junior, diretor técnico do Dieese.  A opção por videoconferência aconteceu em respeito ao isolamento social necessário nesses tempos de pandemia da covid-19.
                    
 
                    
Mais de 96% elegeram as novas direções
No início da cerimônia, Cibele Granito, que assume a Secretaria Geral do Sinergia Campinas, destacou a importância das direções eleitas no início de março, com o mote “Muita resistência, mais ousadia”, depois de dois dias de votação com a participação de milhares de trabalhadores energéticos paulistas.
Lembrou que, pelo voto direto, 96,73% dos trabalhadores energéticos elegeram a chapa encabeçada por Claudinei Ceccato, junto com mais 69 dirigentes, para um mandato de quatro anos no comando do Sinergia Campinas. Já para a nova gestão do Sinergia CUT, com mandato de três anos, 96,21% dos energéticos paulistas elegeram a chapa formada por 113 dirigentes e liderada por Carlos Alberto Alves, também em votação direta.
Carta Compromisso
Em seguida, leu a Carta Compromisso assinada por todas e por todos os eleitos, que aponta que “a crise sanitária de proporções ainda desconhecidas, talvez, a maior do século, já se transforma numa crise humanitária com consequências econômicas e sociais seríssimas”, destacando que “o momento exige mais do que o discurso comprometido, exige ação com ousadia”.
Ao final, a carta afirma que é preciso “um conjunto de dirigentes, homens e mulheres, inteiramente comprometidos e dispostos a fazer desse mandato uma trincheira de muita resistência e mais ousadia nas lutas”, atuando a partir de três eixos prioritários que incluem a luta pela garantia do emprego, dos direitos e da democracia; o fortalecimento da organização de base e a defesa do setor energético.
Ceccato assume presidência do Sinergia Campinas
Na despedida do mandato à frente do Sinergia Campinas, Carlos Alberto Alves afirmou que é preciso continuar com a ousadia para reinventar a entidade diante dos novos desafios nesse momento difícil para toda a classe trabalhadora. “Ainda assim, o Sindicato conseguiu ficar acima da expectativa nas lutas contra a reforma trabalhista, a reforma da previdência e as várias medidas provisórias que atacam nossos direitos. Mesmo em quarentena, estamos avançando em acordos que dão garantias aos trabalhadores”, destacou.
Ao assumir a presidência do Sindicato, Claudinei Ceccato relembrou a luta desde o golpe de 2016 e pontuou que “não está fácil, mas, por tudo isto é que não podemos perder a nossa fé na verdadeira essência da humanidade de sobreviver com dignidade. Devemos continuar acreditando na vida e lutando nesta sociedade que, algumas vezes, na sua história escolheu mudar”.
Destacou também que “os dirigentes sindicais eleitos e representativos tem um papel maior ainda neste momento, o de atuar como Sindicato cidadão. Representamos mais de 486 municípios, mais de 74 empresas de serviços essenciais e estratégicos, e não vamos deixá-los seguir à deriva, ao sabor dos ventos, carente neste momento terrível da sua história, com essa pandemia que assola o país”.
Afirmou ainda: “Vamos lutar, sim, com coragem e cuidado, humildade e ousadia, tendo consciência de que a mudança é um processo gradativo e continuado, não um simples ato de vontade, não um arroubo voluntarista, para que o resultado seja consistente e duradouro”.
Carlos Alberto Alves é o novo presidente do Sinergia CUT
Edmar Feliciano, depois de dois mandatos à frente do Sinergia CUT, também agradeceu à parceria dos sete sindicatos que fazem parte do projeto: “Me sinto privilegiado por dar continuidade a essa entidade, que é referência de luta há quase 23 anos, com a unidade das várias direções para enfrentar todos os tsunamis que precisamos enfrentar, desde as reformas que atacam nossos direitos até agora, com a pandemia da covid-19, que causa uma verdadeira destruição no Brasil e no mundo”.
“Muito foi feito, mas muito ainda temos por fazer, e temos também muitas lições para tirar desse período para chegar ao sonho realizado, não só de fato, mas também de direito. Vamos à luta”, finalizou ao saudar e passar a palavra ao novo presidente do Sinergia CUT.
Ao assumir, Carlos Alberto Alves reafirmou a importância da participação de todas e todos no projeto Sinergia CUT: “Ninguém se salva sozinho, portanto, nosso papel é estarmos juntos e unidos para continuarmos a construir e a reinventar um Sindicato de luta, que ao longo da história já passou por muitos desafios, como a privatização de empresas que prestam serviço essencial, e que agora precisa enfrentar uma situação pior, que é o de derrotar o capital e o fascismo”.
Para enfrentar esses novos tempos, Carlinhos ainda destacou que é preciso uma nova reinvenção. “Assumimos o projeto mais ousado da classe trabalhadora e precisamos investir fortemente na continuidade dessa história que é uma alternativa de organização e unidade da categoria nos desafios futuros, sempre junto com a CUT”, observou.
“Vamos continuar a construir um Sindicato ousado e comprometido com os trabalhadores, com fraternidade e companheirismo entre todas as entidades”, finalizou.
Ao vivo e em vídeo
A cerimônia de posse contou com a participação de vários convidados que acompanharam a posse online, como o deputado Alencar Santana (PT), além de João Cayres e Hélcio Marcelino, respectivamente secretário geral e secretário de Organização Sindical da CUT Estadual São Paulo. Destaque também para o eletricitário Artur Henrique, ex-presidente do Sinergia Campinas, fundador do Sinergia CUT e atualmente dirigente da Fundação Perseu Abramo.
Por vídeo, mandaram mensagens aos energéticos o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, a secretária geral da central, Carmem Foro, e o vereador Pedro Tourinho (PT Campinas).
Emoção na despedida
Ao mesmo tempo em que novos e novas dirigentes assumem mandatos nas duas entidades, muitos sindicalistas que fizeram história na luta do Sinergia Campinas, na construção do projeto Sinergia CUT, no enfrentamento dos desafios e na conquista de direitos para os energéticos paulistas, se despediram das direções.
Emocionados e emocionantes, falaram em nome de todos os eletricitários Valdivino dos Anjos (Cteep), Wilson Marques de Almeida (AES Tietê) e José Luiz Zétula (CPFL Energia). Os três firmaram o compromisso de nunca abandonar a luta e continuar a fortalecer a organização da categoria, com a experiência e a sabedoria de anos de aprendizado e de ensinamentos. “Não só porque só a luta nos garante, mas principalmente porque da luta não se aposenta”.
Por Lílian Parise