Já vai

Bolsonaro tira Regina Duarte da secretaria de Cultura. Atriz vai assumir Cinemateca

Atriz foi “fritada” pelo presidente e deixa a pasta três meses depois de assumi-la

Redação RBA

Atriz foi “fritada” pelo presidente e deixa a pasta três meses depois de assumi-la
Marcos Corrêa/PR

A secretaria deixa a pasta quase três meses depois de assumi-la. Ela deixou a Rede Globo e entrou no governo com o objetivo de “pacificar” o atrito entre os artistas e a indústria da cultura com o governo Bolsonaro.
Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o governo e a cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca, que tem sede em São Paulo. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias”, escreveu Bolsonaro em suas redes sociais.
A deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS) comentou a saída da secretaria. “Regina Duarte acaba de cair da secretaria especial da cultura. Já vai tarde! Mas tudo no governo Bolsonaro pode ficar pior: ao que tudo indica ela vai assumir a Cinemateca Brasileira em São Paulo”, criticou.

Fritura

Na terça-feira (19), Jair Bolsonaro compartilhou nas redes sociais um vídeo de uma entrevista do ator Mário Frias, cotado para assumir o cargo de Regina, no qual ele se coloca à disposição do presidente “para o que ele precisar”. Os dois ainda almoçaram juntos no mesmo dia.
A publicação de Bolsonaro foi considerada um “pré-anúncio” da demissão de Regina Duarte. Em abril, o presidente havia criticado o distanciamento da atriz, que está trabalhando de casa em São Paulo, e afirmou que a secretária tem dificuldade na condução da pasta.
Na primeira semana de sua posse, Regina já enfrentava resistência no governo, principalmente da ala olavista, após fazer 12 exonerações na pasta da Cultura. Na ocasião, apoiadores do presidente levantaram a hashtag #ForaRegina no Twitter.

Desencontros

Em seu discurso de posse, Regina Duarte não deixou boa impressão, ao usar várias metáforas para descrever a cultura. Em uma delas, comparou o tema com o “pum do palhaço”, que “faz a risadaria feliz da criançada”. Depois disso, ela ainda frisou que “cultura é assim, feita de palhaçada”.
No começo deste mês, a atriz minimizou os casos de assassinatos ocorridos durante a ditadura civil-militar brasileira, em entrevista à CNN Brasil. “Cara, desculpa, eu vou falar uma coisa assim: na humanidade, não para de morrer. Se você falar ‘vida’, do lado tem ‘morte’. Por que as pessoas ficam ‘oh, oh, oh!’? Por quê?!”.
Ela ainda relativizou a tortura, “Se a gente for ficar arrastando essas mortes, trazendo esse cemitério… Não quero arrastar um cemitério de mortos nas minhas costas e não desejo isso pra ninguém. Eu sou leve, sabe, eu tô viva, estamos vivos, vamos ficar vivos. Por que olhar pra trás? Não vive quem fica arrastando cordéis de caixões”, acrescentou, que deu chilique ao vivo, logo em seguida.
Em fevereiro, antes de assumir a pasta, Regina também postou uma foto de diversos atores, na qual classificou como “seus apoiadores”. Horas depois, a maioria dos mencionados, como Carolina Ferraz, Maitê Proença e Carla Daniel, pediram a remoção da imagem.