CS 2019: Assembleias na Elektro deliberam proposta final

Nice Bulhões e Débora Piloni

Assembleias acontecem a partir desta terça (18) em toda a base e o  Sinergia Campinas encaminhará a proposta pela rejeição. A decisão é dos trabalhadores!
E leia também: Call Center – não se decide o futuro de 200 famílias em apenas uma reunião!
Na semana passada, os trabalhadores da Elektro discutiram em Assembleias a proposta final da empresa para a CS 2019. O Sinergia Campinas também realizou debates com os aposentados e pensionistas da Elektro. E muitas foram as reuniões da empresa com os trabalhadores para a apresentação principalmente da nova proposta de Plano de Saúde do Bradesco, nas quais, segundo relatos que chegaram ao Sindicato, ocorreram ameaças e assédio até com dirigentes sindicais e lideranças dos aposentados. Outros sindicatos já até realizaram assembleias dentro da empresa, muitas com a presença e fala de gestores ou olheiros, com a clara intenção de pressionar os trabalhadores a aprovarem a proposta.
A empresa afirma que a proposta é final, “global e indivisível”, e no seu bojo quer a aprovação de assuntos que retiram direitos conquistados no ACT e que valem até 31⁄05⁄2022. A proposta introduz precarizações previstas na Reforma Trabalhista, quer permitir a contratação precária de menores aprendizes e deixar de ter a obrigação de contratar número legal de portadores de deficiência. No Call Center, em Campinas, a empresa cria um novo piso salarial rebaixado que seria para novos trabalhadores, aumenta a jornada diária de trabalho desrespeitando a NR 17 e, diante desta proposta sem garantias, há o risco de demissão em massa de trabalhadores.
O Sinergia Campinas também procurou a ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, especialistas sobre Planos de Saúde e a própria Fundação CESP e foi identificado que não é tão bom assim o Plano oferecido para substituir o atual da Fundação Cesp, que é um plano sem fins lucrativos.
É de estranhar que a Elektro queira sair da Fundação Cesp e mudar o plano de saúde que hoje possui mais de 13.000 vidas. Ainda mais num momento em que a Funcesp – que possui mais de 120.000 vidas – está implantando para todas as empresas e usuários o atendimento com a Unimed Nacional e resolvendo várias questões de cobertura. O Sindicato recebeu denúncia de que está “demorando” o envio da nova carteirinha da Unimed Nacional. E tem mais, a Fundação está recebendo de volta mais 22 mil vidas da ENEL (ex-Eletropaulo) provenientes justamente de um plano da Bradesco e também incorpora todos trabalhadores e dependentes da SABESP com 44.000 vidas.
Fica cada vez mais claro que as intenções da Elektro não são tão nobres ou razoáveis pois quer, no afogadilho e a todo custo, retirar a Saúde da Fundação Cesp. E a empresa não esconde que pretente ainda transferir o Plano de Previdência para o seu plano próprio: o NÉOS.
É sabido que a Neonergia lançará no mercado no final deste mês uma Oferta Pública Inicial de ações (IPO) e conta com essas jogadas para sua valorização. A Neonergia já está em negociação desde outubro 2018 sobre a incorporação no NÉOS dos três planos de previdência das empresas no Nordeste. Também estão negociando a PLR 2019 e lá já retiraram a regra da destinação de 20% do montante para o pagamento da PLR dos gestores.
POSIÇÃO DO SINDICATO
Por tudo isso, o Sinergia Campinas defende a REJEIÇÃO da proposta final e solicita continuidade das negociações. Se a empresa não reabrir negociação, o Sindicato ajuizará dissídio coletivo no TRT Campinas. É o caminho para defender nosso Acordo Coletivo. O pagamento da PLR 2019, já está no Termo Aditivo da PLR com pagamento em 30⁄07⁄2019 de R$ 1.500,00 + 27% da remuneração (Salário Base, Adicional de Tempo de Serviço e Incorporações de Acordos Judiciais).
Voto em urna: devido à pressão que os trabalhadores estão sofrendo e, atendendo a vários pedidos dos mesmos, a deliberação da proposta será realizada por voto em urna. Os aposentados e pensionistas da Elektro também votarão, porque a proposta da empresa mexe em muito com a situação deles.
ASSEMBLEIAS
O Sinergia CUT realizará assembleias deliberativas a partir de terça (18) sobre o Acordo Coletivo. Só a luta te garante! Participe! A decisão final é do trabalhador!
PROPOSTA DA EMPRESA
► Vigência: prorrogação do ACT por mais um ano (2022-2023).
► Reajuste: 4,66% pelo IPCA nos salários, pisos e demais itens econômicos, inclusive VA/VR/Cesta.
► Cesta: redução de 1 ponto percentual na participação (de 9% para 8%).
► Gift Card: reajusta para R$ 250 em dez/2019.
► VA/VR: redução da participação do VA para R$1 até a faixa 4 e para as demais faixas, redução de 1 ponto percentual.
► Fim do pagamento quinzenal: inclusão da forma de pagamento (parcela única, dia 25 de cada mês) na claúsula 47, com discussão e implementação para abril de 2020.
► 13º salário: antecipa para janeiro (1ª parcela) e novembro (2ª parcela) a partir de 2020.
► Seguro de vida: implementa o Seguro de Vida e altera a cláusula 16 do Acordo Coletivo.
► Calendário de Compensação: uniformiza um calendário de compensação para pontes e feriados.
► Horário Flexível: implanta opcionalmente, no almoço na Sede, o horário flexível de 30 minutos.
► Home Office e Teletrabalho: introduz no ACT a previsão de trabalho em casa e remoto.
► Call Center Corporativo ( no verso)
► PCDs: flexibiliza contratação de pessoas com deficiências.
► Aprendizes: Internaliza-os na folha de pagamento.
► Plano de Saúde: encerra o plano da FunCesp e vai para o Bradesco
► Plano Odontológico: encerra o plano da FunCesp e vai para OdontoPrev Bradesco.
► Contribuição sindical: desconto na folha.
Call Center: não se decide o futuro de 200 famílias em apenas uma reunião!
Conforme divulgado no boletim 1511, a empresa apresentou uma proposta de mudança do Call Center durante as negociações da Campanha Salarial 2019.
Essa proposta foi colocada unilateralmente na mesa no dia 04 de junho e, já na última rodada de negociação, ocorrida no dia 06, não abriu espaço para que a discussão acontecesse. Ou seja, a empresa apenas impôs goela abaixo a mesma proposta apresentada anteriormente sem sequer ouvir a contraproposta do Sindicato ou dar uma posição sobre os questionamentos apontados.
O Sinergia Campinas deixa claro que não é contrário a negociar melhorias no Call Center. Vale lembrar que, há anos, a entidade defende que os trabalhadores tenham um plano de carreira e possam ter acesso a uma escala que favoreça o seu lazer, tempo com a família, descanso e uma remuneração melhor.
“O que não podemos aceitar é uma proposta que não traz nenhuma garantia de emprego, que apresenta uma jornada diária que excede o permitido pela NR17 e rebaixa o piso salarial”, ressalta a direção sindical.
Melhoria de vida se faz com respeito e valorização salarial. Com esse novo formato proposto pela Elektro, os trabalhadores ficarão 8 horas e 12 minutos à disposição da empresa sendo 1 hora de almoço fora da jornada e 7 horas e 12 minutos em efetivo atendimento. Isso contraria a NR17, em seu artigo 5.3 que especifica que a jornada diária não pode ultrapassar 6 horas e 20 minutos. Ou seja, a jornada proposta pela empresa traz uma grande insegurança jurídica.
E a questão do piso? O rebaixamento do piso salarial cria um nível 1 que prevê salário de R$ 1.326,46, o que significa R$ 473,08 abaixo do piso atual que é de R$ 1.799,54.
Como a empresa não pode rebaixar salários, isso sugere que o novo Cal Center não foi desenhado para todos e já prevê demissão de 50 pessoas, além de não indicar de forma transparente como será a seleção que determinará quem ficará nos níveis 2 e 3.
Para a direção do Sinergia Campinas, uma vez aprovada da forma como a proposta foi apresentada, é como se os trabalhadores dessem um cheque em branco para a empresa, para que possa iniciar o desmonte dessa nova operação logo após a sua abertura. E isso tudo sem qualquer cláusula no ACT que controle esse processo ou mesmo preveja indenizações para quem for demitido.
Vale lembrar que neste novo formato sequer está prevista a permanência do Call Center no prédio na cidade de Campinas, o que poderá ser alterado pela empresa sem nenhum impedimento.
Vale alertar que a Neoenergia tem um Call Center terceirizado com 600 trabalhadores. Fica a pergunta: depois que estiverem habituados aos nossos procedimentos e sistemas, a empresa irá permanecer com dois call centers? Mesmo não tendo mais nenhuma obrigação legal no acordo coletivo?
NOSSA CONTRAPROPOSTA
O Sindicato defende que o salário do nível 1 seja de R$ 1.799,54 e que os níveis 2 e 3 tenham melhoria nas remunerações. Defende também que haja um descritivo de todas as operações que vão permanecer no Call Center Corporativo e que isso seja atrelado à atual cláusula 50ª com garantias de emprego permanecendo primarizado e na cidade de Campinas. “Dessa forma, trará as garantias legais necessárias para a segurança de todos, além de uma escala que esteja adequada com a NR17”, afirma a direção do Sinergia Campinas. Para isso, o Sindicato também propõe a redução da jornada semanal sem redução de salários, fazendo o 5×2 atendendo de segunda a sexta com folga nos feriados na atual jornada diária 6 horas e 20 minutos.
Por tudo isso, a posição do Sindicato é pela rejeição da proposta final de ACT e pela reabertura da mesa separando-se a discussão do Call Center permitindo assim que a decisão sobre a proposta específica dos atendentes seja apenas por eles deliberada.18